Dia mundial do Sono: motorista nunca vai vencer corrida contra ele
Nesta sexta-feira (16) é comemorado o Dia Mundial do Sono, data criada para reforçar a importância de uma boa noite de descanso para a nossa saúde. E desse assunto, falo com propriedade: foi justamente o excesso de sono ao volante que ocasionou o meu primeiro e único acidente de carro, em abril de 1999, aos meus 25 anos.
Para minha sorte, tudo não passou de um susto e um pequeno amassado no para-choque da picape Ford F-250, que testava para a revista Quatro Rodas. Mas poderia ter sido pior, muito pior.
Após uma noite de sono mal dormida, fui buscar meu filho mais velho na casa da avó em Sorocaba (SP). Almocei e peguei a Castello Branco de volta a São Paulo. Para quem não conhece, a estrada é uma das mais bem cuidadas e monótonas do Brasil, com longas retas e curvas abertas.
Não demorou muito e o sono começou a bater. Meu filho já havia "capotado" na cadeirinha de retenção instalada ao meu lado no banco inteiriço (sim, em picapes cabine simples é permitido levar criança na frente).
Para não acordá-lo, fiquei impossibilitado de abrir o vidro, colocar música alta… Enfim, fazer as coisas que acreditamos piamente que resolvem o problema do sono. Dirigi "pescando", afinal era só uma horinha de viagem.
Bateu!
Já na entrada da cidade, no Cebolão (conjunto de viadutos que dá acesso às marginais dos rios Pinheiros e Tietê), ouvi um barulho! Era eu batendo atrás de um VW Santana com aquela picape brutamontes de 2.480 kg.
O sedã, que não estava nos seus melhores dias de conservação, ficou ainda pior. A encostada na traseira entortou o monobloco a tal ponto que o motorista não conseguiu abrir nenhuma das quatro portas — ele desceu pela janela mesmo.
E se assustou quando viu a criança "desmaiada" na cadeirinha. Meu filho Douglas, então com quatro anos, nem sequer acordou com a batida. Resolvido os trâmites burocráticos, fui para casa e, já sem sono graças à descarga de adrenalina, comecei a relembrar de momentos da viagem.
Me assustei quando tomei consciência de que, por duas vezes, havia acordado com o barulho e a vibração do volante ao passar por olhos-de-gatos nas curvas! Desde aquilo, nunca mais desafiei o sono.
Você pode tomar um café, um energético, abrir o vidro, aumentar o som e, com isso, vencer alguns rounds. Mas não se iluda: o sono é traiçoeiro. Quando menos você espera, ele te nocauteia. Essa é uma luta perdida! E a única saída é nunca chamá-lo para briga…
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